quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os Três mosqueteiros e um grande medo

Só hoje me dei conta de que estou com medo de iniciar uma nova mudança na minha vida. O engraçado é que esse medo veio agora, depois de tantas outras mudanças, malas desfeitas, moradas em hotéis, com amiga louca, com namorado sequelado, com beatas da Igreja. Pois nada disso me apavorou como agora. Vou me mudar para dentro da minha própria cidade, há mais ou menos dois quilometros da casa dos meus pais e me assusta.
Os móveis já estão todos lá. Novos. Eu que escolhi o que e como queria, o apartamento é bonito, bem localizado, arejado, como eu gosto. Mas vou lá e olho pra ele, o acho bonito e tenho vontade de sair correndo. Aliás, foi isso que fiz na última vez que estive lá.
To pagando aluguel e não tem jeito de eu ir morar lá. Sinto que minha casa ainda é aqui na casa dos meus pais e tento entender porque esta mudança é tão mais dolorida do que as outras. Havia o desejo de aventura nas outras? O descompromisso de dar certo? Eu estava indo desbravar o mundo? Percorrer o meu Caminho de Santiago por outras bandas? Havia sempre para onde voltar.
Foi esta certeza que me fez sempre ir, e ir e ir...Mas agora, ir para tão perto, vou voltar para onde? Só se for para me aninhar no colo dos meus pais. Tá estranho isso tudo. Era para ser mais fácil.
Fico achando motivos para ficar; lá não é uma casa onde eu possa sentar em frente e tomar chimarrão, lá não há a cumplicidade com os vizinhos de anos, lá não há amigos, todos estes são os empecilhos e medos da minha alma que não compreendo, porque sempre foram esses mesmos desafios e curiosidades pelo novo que me fizeram partir e partir e partir.
O movimento sempre me fascinou, estar entre estranhos também, caminhar por ruas desconhecidas muito mais, sentir novos cheiros, novos ares era tudo o que eu ansiava e corria atrás. E agora me deparo me auto impedindo de ir, quase ali na esquina, começar uma vida nova com meus filhos.
Mas compreendo também que é justamente essa nova responsabilidade de dona do meu nariz e dos meus rebentos que me apavora. Pra quem eu vou gritar por ajuda quando estiverem a Valentina e o Benjamin querendo minha presença? Quem vai se preocupar em acordar a Valentina enquanto eu dou de mamar ao Ben? Enquanto um toma banho, a outra vai querer jantar. E vai ser só nós. Nós três. Como eu sempre quis. Nos meus contos de fadas eu nunca enxerguei o príncipe comigo.
E como me dá medo tudo isso, sinto cada vez mais que o medo não é de ir, é o medo de fracassar, como nunca senti antes na vida.
Medo, porque é a preparação que todo ser humano precisa passar antes de se despedir de seus pais para sempre, e a vida passa rápido.
Ser, virar adulto é difícil. Mesmo aos 30 anos.
Eu estava tão tranquila há algumas semanas, hoje não to mais.
Mas eu vou, não sei até quando vou adiar, mas vou. Por mim, por meus filhos, por meus pais.