sábado, 13 de dezembro de 2008

Ele não desistiu de voar

Não vou colocar título aqui, porque não sei nem sobre o que vou escrever. Todos os dias uma vontade louca de escrever me invade, toma conta de mim e não consigo escrever, e me assombram pensamentos de que não sei mais escrever, de que nunca soube.
Aí lembro da minha professora da primeira série do ensino fundamental encantada com meus textos. Aí tento me convencer de que sou boa nisso. De que não sei apenas fazer textos técnicos, textos para ganhar dinheiro.
De que sempre acreditei nisso, mas de repente tudo em que sempre acreditei me faz sentir estranha, me faz sentir em outro plano , me faz desejar ser outra pessoa, e sempre gostei tanto de ser eu.
Gostei sempre do desafio, porque uma vez a Valentina me fez refletir sobre um sentimento latente dentro de mim, ela disse assim para uma amiga minha, que hoje nem é mais amiga. "Tu pensa que é fácil ser filha da Fernanda? Não é Não!" Ela devia ter uns 6,7 anos quando disse isso a tal amiga e foi um choque para mim. Isso me fez avaliar e chegar a duas constatações que eu já tinha chego "não sou uma boa mãe!" e "não é fácil ser eu, não é fácil fazer sua vida baseada única e exclusivamente nos desejos do seu coração".
Sou muito egoísta para ser mãe, mas não sou egoísta no sentido de ser "apegada", pelo contrário, a cada dia estou mais desapegada das coisas, sei perder com tranquilidade, sei deixar para trás aquilo que me faz mal, ou aquilo que me faz bem, porque nem sempre minhas escolhas são baseadas "no que me faz bem", no que é politicamente correto. Sei abandonar. Sei sangrar.
E é justamente nesse sentido que não estou me reconhecendo. Dizem que o dever maior dos pais é ensinar a "criar raízes e voar" , mas me ensinaram apenas a criar raízes e tive que aprender o difícil ofício de voar sozinha.
Isso me lembra um outro epísódio. Um passarinho, filhote de Quero-Quero caiu de uma das árvores do pomar aqui de casa num desses temporais e ele estava aprendendo a voar. Com a queda ele ficou perdido, e ao mesmo tempo em que tentávamos recolocar ele e o ninho na árvore, ele se atirava de novo, numa sequência terrível que durou horas e dias. Mudamos o ninho de árvore, os pais dele andavam cercando a gente e só observavam. Numa das noites, o passarinho dormiu aqui dentro de casa, dentro de uma caixa de papelão semi-aberta e meus pais emprestaram o quarto deles para que os pais dele pudessem visitá-lo, pela janela, com tranquilidade e não abandonar o filhote.
Coisa de gente especial.
No dia seguinte, colocamos ele novamente na árvore. Mas, quando fomos vê-lo a tarde, ele havia morrido. Não sei se os pais o mataram, nunca ficamos sabendo o que aconteceu.
Mas, o que ficou na minha recordação é que em nenhum momento ele desistiu de aprender a voar, mesmo machucado, mesmo carente de seus pais, mesmo fora do lugar de onde deveria estar, ele continuava na tentativa de alcançar um vôo mais alto.
E eu sou assim, o tempo todo.
Não deve ser muito fácil ser minha filha, nem minha mãe, nem meu namorado, nem meu amigo.
A Valentina tem razão, como sempre.
Peço somente a sabedoria de saber a direção e a força de saber levantar toda vez em que cair da árvore.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

"Quem pretende elevar-se deve contar em ter vertigem um dia. Mas vertigem não é o medo de cair, é outra coisa. É o vazio lá embaixo que nos chama e nos atrai, é o desejo da queda do qual nos defendemos aterrorizados."
Milan Kundera

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

Frio

Tá frio hoje e não é apenas o vento que sopra lá fora.
Tá frio aqui dentro.
Eu quero tantas coisas, não se mais o que eu quero. Canso de ser desconexa, canso do salto alto, canso das maquiagens, canso, canso, canso.
Olho as minhas unhas destruídas, as olheiras enormes, o chinelo nos pés que não combinam com o casaco de repórter. Mas é assim que quero ficar. Hoje não estou com vontade nenhuma de alimentar minha vaidade.
Quero uma rede sossegada, quero voltar pra casa, quero ficar, quero Floripa pra sentir o cheiro do mar e recordar, quero vistar Porto Alegre e ver meus amigos que ficaram por lá. Mas a vida não é apenas recordar, ela é pra se viver, sentir. Sinto tudo tão intensamente hoje.
Os caminhos mais difíceis são os caminhos do coração que decidi trilhar, porque jamais sei onde eles vão me levar.
Estou me sentindo desprotegida, nada me dá medo, nem o desconhecido lugar onde estou. A falta de carinho, de afeto, está me fazendo mal. Preciso de colo, preciso de estabilidade, preciso sentir meu coração pulsando, porque hoje estou sentindo um pouco de morte dentro da minha alma.
Estou me sentindo abandonada e odeio tudo que escrevo.
Era melhor escrever sobre minhas putarias. Mas hoje isso não me faz bem. Não sei mais o que me faz bem. Quero andar descalça na grama. Não sei se é o cansaço que me deixa triste ou minha tristeza que me deixa cansada.
Isso tudo, este texto maluco, esse banzo total, esse sangue que não vem, minha rotina alterada.
Eu sou a pessoa mais intensa que conheço, mas não me reconheço mais.
Cadê os meus amigos, cadê os meus amores?
Eu preciso de um abraço, de uma flor, de um cheiro no cangote da minha menina, minha Valentina, chimarrão na praça com Anderson e a Cássia, conversar e morrer de ciúmes e vontade de agarrar o Rafa, de dizer que para eles todos que quero ir embora de novo e enlouquecer minha mãe.
Estágio total de carência, de perda das referências, nenhum amigo não, e por mais louca que tenha sido a minha vida nos últimos 2 anos, nunca me senti tão abandonada...

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Bolhas de sabão e purpurina

Nessa minha inconstância, eu gosto mesmo é de viver. De sentir o vento, fechar os olhos com os raios de Sol. Não importa se o vento mude a direção, eu quero estar em meio ao vendaval. Não importa se às vezes meu coração fique miudinho ou se às vezes não caiba em meu peito, eu quero viver. Sentir o chão com os pés, respirar as arvores. Quero sentir os sorrisos, os olhares, enxergar a alma. Eu quero poder chorar num dia e sorrir no outro. No outro pular, olhar o céu. Quero sentir os abraços, ouvir desabafos, correr. Eu quero sofrer, quero chorar de rir, gargalhar. Quero sentir a música, escutar histórias, desvendar segredos. Poder sentir o cheiro, o sussurro, tocar o céu, contar com as estrelas, dar boa noite à lua. Eu quero viver, cair, sentir a garoa. Quero correr riscos, brigar, gritar, enfrentar o mundo. Eu quero mudar de tom...

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Muita correria.Muito trabalho e ainda nem começou e o "pega pra capá"
Bem, experiência nova, a cidade é meio sem graça, mas meus colegas de traballho são ótimos, uma carioca, dois manézinhos, outro carioca e uma daqui mesmo.
Bah..muito mulher e muita confusão, mas no fim da tudo certo
Saudades da Valentina e saudades de você também!

terça-feira, 22 de julho de 2008

As histórias sempre se repetem

Eu leio alguns dos textos que escrevi no passado e as histórias se repetem. Isso me dá um medo, uma angústia, será que eu continuo sendo a mesma pessoa para as histórias se repetirem assim, tão iguais?
Putz, logo eu que não tenho medo de mudanças, que anseio por elas. Mas tu quer ver isso.
"Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz partedo amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, etc, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto bregana sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira...). Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina. Que a sua remela seja sequinha e não gosmenta e que o tempo leve um pouco de seu cabelo (adoro carecas...). Que suas escatologias não passem de piada e se materializem bem longe de mim. Tem que gostar de crianças, de cachorrinhos, da minha mãe, e tem que odiar ver pessoasprocurando comida no lixo. Tem que dançar charmoso, ser irônico, ser calmo porém macho (ou seja, não explodir por nada mas também não calar por tudo). Tem que ser meio artista, mas também ter que saber cuidar dos meus problemas burocráticos. Tem que amar tudo o que eu escrevo e me olhar com aquela carade “essa mulher é única”.
Isso eu escrevi sobre o amor , sobre o possível amor da minha vida, que ainda não chegou e que eu não desejo mais tanto assim, mas que se desejasse, seria assim.
Dai eu leio outro texto que falo sobre meus amigos. E me deparo com isto.
"Não quero que todos sejam iguais a mim, mas é tão triste ver os amigos lá longe. Eles estão vivendo suas vidas, talvez estejam felizes, talvez eles tenham se acalmado e cansado das porradas da vida, mas só me parece que eles cansaram de tentar. Cansaram do furacão e querem uma casinha arrumadinha e uma cama quentinha. Não há mais nada em comum entre nós, os silêncios são constrangedores, eu não sei mais o que dizer, tenho vontade de dizer “mas por que você está fazendo isso, por que parou de tocar, de escrever, por que não tenta publicar o seu livro, por que não arruma outra banda, por que, por que, por quê?” Mas isso seria doloroso para eles e para mim, eu não quero criticar a escolha de ninguém, não quero desestabilizar a vida de ninguém, mas ao mesmo tempo tenho uma incontrolável vontade de chacoalhar todo mundo e dizer EI, EI, O QUE ACONTECEU??? Porque eles não me parecem felizes. Eles me parecem mortos. Carregam um peso nas costas, o peso dos sonhos abandonados no meio, o peso da frustração. O peso da vida que deixaram para trás porque quiseram, porque escolheram não viver mais intensamente. "
E eu olho para trás e olho para frente e não vejo nada além disso que foi escrito´há anos atrás, me desculpem se estou equivocada. Desculpa nada. mas é isso

quarta-feira, 16 de julho de 2008

nasci pássaro

As vezes eu acordo assim, meio de banzo, com uma sensação de infelicidade absoluta, de loucura iminente, de insatisfação permanente.
não gosto disso, ainda mais quando está um dia lindo lá fora, como hoje.
Parece início de verão, nao consigo parar de pensar em Floripa, a Valentina tira férias daqui uns dias e quero levá- la pra lá. Desde criança tenho essas angústias que vem do nada, e ainda não aprendi a lidar com elas. Como se eu precisasse voar, voar...que coisa.
Mas vai passar.

sábado, 12 de julho de 2008

Que bom viver, como é bom sonhar
E o que ficou pra trás passou e eu não me importei
Foi até melhor, tive que pensar em algo novo que fizesse sentido
Ainda vejo o mundo com os olhos de criança
Que só quer brincar e não tanta "responsa"
Mas a vida cobra sério e realmente não dá pra fugir
Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol
Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol
Um dia eu espero te reencontrar numa bem melhor
Cada um tem seu caminho, eu sei foi até melhorIrmãos do mesmo Cristo, eu quero e não desistoCaro pai, como é bom ter por que se orgulhar
A vida pode passar, não estou sozinho
Eu sei se eu tiver fé eu volto até a sonhar
Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol
Livre pra poder sorrir, sim
Livre pra poder buscar o meu lugar ao sol
O amor é assim, é a paz de Deus em sua casa
O amor é assim, é a paz de Deus que nunca acaba
O amor é assim, é a paz de Deus em sua casa
O amor é assim, é a paz de Deus... que nunca acaba
Nossas vidas, nossos sonhos têm o mesmo valor
Nossas vidas, nossos sonhos têm o mesmo valor
Eu vou com você pra onde você for
Eu descobri que é azul a cor da parede da casa de Deus
E não há mais ninguém como você e eu

sexta-feira, 11 de julho de 2008

"...Só ir embora. Eu só queria ir embora. Não, tô fora de continuar sempre no mesmo lugar, me roubando minhas próprias histórias. Não. Não quero mais mudar ou fantasiar ninguém. Deixa o mundo ser como é. Deixa ele ser como ele é. E só. Eu já podia ir embora. Mas não conseguia. Por quê? Minha mente é burra. A mente é automática, viciada, comandada, acostumada, burra. minha mente está congelada na menina de maria-chiquinha, que tinha medo de ficar longe da mãe, ainda que morresse de medo dos gritos dela. E de novo sinto um medo filho da puta. E é por isso que quando ele, a pessoa que eu mais amei no mundo pois amei sem os bloqueios e sem a amargura que veio depois de tanto amor, me pede pra ficar, eu fico. E depois vou de novo. Não quero mais as minhas repetições seguras e infelizes. Ainda que encarar um coração vazio seja mais assustador do que mãe brava, cidades estranhas e amores eternos que acabam..."

sábado, 21 de junho de 2008

Aqui não tem Casas Bahia

Uso o título aí em cima de subterfúgio pra começar este texto que fala de Passo Fundo, de mudanças, de escolhas, de anjos e demônios. E falar de mim, que é a única coisa que sei falar com absoluta convicção. Bem, nem tanto. Enjoo fácil de tudo é e muito ruim pra mim que sempre me achei "senhora da minha vidai" ter que admitir isso sem refletir se isso não é sinal de superficialidade. Mas não é. E tá sendo doloroso pra mim ter que me acostumar com isso.
Com esse "bicho" que tem dentro de mim que faz enjoar de comidas, lugares, pessoas. Não posso olhar salgadinho, melancia, cachorro-quente, por exemplo. Não sei explicar como isso se desenvolveu, então pesquisando no meu arquivo de memória achei uma explicação simples: comi demais essas coisas e agora não posso nem ver na frente.
Essa relação estranha com determinados alimentos me faz refletir que não enjoo só de alimentos, enjoo de lugares, da rotina, de ter que fazer as mesmas coisas. Outro exemplo que dou é que jamais poderia trabalhar em qualquer função como concursada, simplesmente porque fazer a mesma coisa o resto da vida me mataria.
Mas bem, onde estava. Quero falar sobre como é voltar. Voltar para casa depois de um ano e meio fora, voltar para casa dos pais, isso é muito estranho e não consigo me acostumar. É estranho voltar pra cidade que eu amo e para as pessoas que eu amo e não me sentir mais daqui. Como é pertencer?Não pertenço mais aqui, apesar de ainda não ter certeza se é aqui que quero ficar. Mas, quando fui demitida, sim, fui demitida e é sobre isso que também vou falar.Me deu um alívio no coração e a primeira coisa que senti é que tinha que correr desesperadamente pra cá.
Fui demitida porque eu tinha enjoado do meu trabalho há meses, e apesar de estar fazendo ele com total carinho e dedicação de sempre, aquilo tinha virado uma rotina horrível pra mim. Morar com as meninas da igreja, depois de morar com meu namorado rockeiro foi uma experiência punk na minha cabeça. Foi uma coisa totalmente anormal, mas de alguma maneira eu sentia que tinha que passar por aquilo. E fui demitida porque a pastora não gostou quando eu disse que ia morar sozinha, deve ter sido isso. Bem, deixa pra lá. Deixa pra lá, porque esses dias assisti, com alguns anos de atraso, "O diabo veste Prada". É por aqui que eu ia começar este texto, mas enfim, queria dizer que este um ano e meio fora, dos quais fiquei 1 ano trabalhando para um grupo evangélico, sobre as ordens de uma pastora em Porto Alegre foi totalmente aquele filme.Risos.
Me senti a própria personagem da menina que vai trabalhar na Vogue Americana e não tem nada a ver com aquele lugar. Mas, quem dera eu tivesse ido trabalhar na Vogue Americana e não ali dentro da igreja, porque nunca na minha vida me senti tão perto e tão longe de Deus. Nunca na minha vida vi as pessoas olharem para as minhas tatuagens e para meus sapatos com tanto desprezo, ai Deus, me perdoe, mas um dia eu vou escrever meu próprio "O Diabo Veste Prada" vocês verão. Quer dizer, lerão. Dez meses da minha vida submetida ao regime estranho de não ser quem eu sou.
Bem, eu tentei e adoro as meninas que moraram comigo. Até porque, ali eu era "a estranha no ninho" , a pessoa no lugar errado. Mas, entre mortos e feridos salvaram-se todos. Ou melhor exemplificando, me salvei.
Deus não tem nada a ver com isso, pois foram muitas as experiências com Ele. Obrigado por tudo meu Deus, por ter me salvo.
Ao Breno, porque a insanidade dele, a cocaína e as crises de ciúme me ajudaram a me manter equilibrada. Risos.
A idéia do livro não me saí da cabeça, o que vocês acham? Acho que o Edir Macedo ficaria muito empolgado em patrocinar a minha história, em dizer que aqui, o diabo não veste Prada, sobretudo, nem sabe o que ou quem é Prada.
Bem, sobre o filmezinho "gostoso de assistir" volto para refletir sobre as escolhas. É sobre isso que o filme fala, né? Sobre termos que vender nossa alma para sermos alguém? Não, acho que é sobre saber o que se quer, o que deseja. Você sabe o que deseja? Bem, as vezes eu acho que não sei. E talvez não saiba mesmo.
Mas, com certeza eu sei que não quero conviver com pessoas que julgam o meu caráter pelo preço que custa o meu sapato. Aliás, eu adoro sapatos. Qual o problema nisso? Não se pode ter bom-gosto, gostar de vestir-se bem e ser uma pessoa querida? Ser "do bem". Não se pode "ganhar bem" e não ter mau-gosto e ainda assim ter crises de insegurança e se maquiar bastante para disfarçar isso e esconder o que realmente importa no coração?
Ou salto-alto e maquiagem é incompátivel com bom caráter e alma exposta?
Bah, as vezes é muito difícil quando as pessoas não colaboram, quando a gente se esforça e isto é taxado com "querer aparecer".
Ufa... isto virou um desabafo? Bem, a quem possa interessar, estou em Passo Fundo, onde nem as Casas Bahia resistiu e teve que fechar as portas, e volto a falar disso, porque sempre tive a certeza de que as pessoas daqui jamais entrariam e comprariam nas Casas Bahia, pois pra elas o que me fez ser desprezada é o que mais importa. Mas, se me entendem bem, nem isso me importa. Sempre caguei para esses pequeno-burgueses.
Bah, será que estou mau-humorada? Nãoooooo. Estou feliz, por estar de volta. De volta ao ponto de onde parti e com as mesmas dúvidas e angústias de sempre e já querendo ir embora de novo.
Se alguém souber aí de um emprego onde eu possa morar perto do mar, usar salto alto num dia e Havainas no outro, me avise, por favor.
Se isto pareceu pra você um ranso, uma reclamação, to cagando para o que você pensa. Minha irmã diz que tenho "alma de cigana", mas você provavelmente ouvirá falar de mim.
Não percam as cenas do próximo capítulo.
Ah, antes de postar, quero dizer que amo muito um guri que ficou em Porto Alegre, amo da maneira mais singela e pura, sem maldade, ou com maldade, como queiram. Meu graaaande amigo Alan. Nem todo mundo é igual. E sempre fica saudades de alguém.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mulheres e suas dores

Sexta-feira a noite e estou em casa.
O Globo repórter sobre a cidade de Israel está interessante, mas outra coisa me paralisa. Gisele Itié, interpretando Amy Winehouse, na Trip deste mes.
Nao consigo parar de olhar. Compro a Trip todos os meses e em geral os ensaios sensuais da revista nao sao a parte que me chama mais atençao.
Mas este chama atençao especial. Algo grita. Algo chama. Leio o texto que acompanha o ensaio e de repente acho a melhor definiçao de tudo. " E que esta é a grande loucura feminina, essa absoluta necessidade do olhar do outro, objeto de nossas inseguranças, nem sempre escolhido com bom gosto."
Paro aqui e faço uma reflexao. Só podia ser a Fernanda Young, mesmo eu nao sendo exatamente fa dela, mas tinha que ser ela para colocar no papel esta dor que sim, como diz o texto, todas nós mulheres carregamos. Esta dor que de um jeito ou de outro, da maneira mais singela, ou de forma gritante se manifesta. Paro a reflexao.
Resolvo que vou mandar este texto para Trip, lá nos comentários. Em agradecimento pelas fotos, pela sensibilidade, pela inspiraçao.
E vou colocar estes rabiscos no blog para que mais pessoas vejam o ensaio.
Esperam que vejam com os olhos que eu vi e nao só a beleza óbvia de Gisele.
Fragmentos do texto publicado na revista

"Mulheres que nao admitem sua dor- aquelas que sao perfeitamente esquecíveis- nao merecem nenhuma poesia, ou rascunho, ou rápida melodia, pois se recusam a abrir mao do conforto de uma farsa em nome de uma verdadeira vocaçao, a de sofrer belamente....
Nao há nada em Amy Winehouse que nao seja genuíno, e isso consegue ser gritante em sua música suave enquanto doce em sua aparencia rude.
Atraente e repugnante ao mesmo tempo. Linda e digna de pena. Ora, pode haver imagem mais explícita da crucial inconstancia feminina...
....Acho inclusive, que as próprias mulheres tem culpa nesse atraso. Notoriamente mais competitivas entre elas, nao competem apenas com a colega do lado, mas com todas as mulheres do mundo.
De Marilyn Monroe a Anna Nicole Smith, todas morreram sem uma amiga do lado...."

O texto de Fernanda Youg nao termina por aí, mas esta triste e também óbvia frase com que encerrei os fragmentos do texto acima é a mais dura realidade.
E tenho uma confissao a fazer. Só comecei a ter amigas mulheres depois que a Valentina nasceu, e mesmo assim, com o pé atrás. Os dois. Risos.
Isto nao quer dizer que eu nao tenha poucas e boas amigas, mas na dúvida, fico com as mulheres da minha família, já tao intensas e fortes e com suas vidas marcadas pela dor, pela coragem, pela capacidade de se expor e nao perderem o mistério.

quinta-feira, 15 de maio de 2008

ONDE ESTÁ MEU CORAÇAO

Deus tem falado muito comigo. Esta frase simples culminou com o fim do meu último namoro. Nao a frase em si, mas o sentido que isto representa pra mim. Meu namorado, por quem eu era completamente apaixonada, nao entendeu. Nao entendeu, porque é difícil entender. Nao entendeu, porque eu estava tentando dizer pra ele que Deus tinha me falado, através de Sua Palavra, que nao era para ficarmos mais juntos, que ele nao era a bençao que Deus tinha preparado pra mim. Ele (Deus) me falou inúmeras vezes, todas as vezes que pedi uma resposta Ele me deu. Mas, nao pensem que foi uma decisao fácil de tomar. Pois o meu coraçao queria fazer algo que meu espírito estava condenando, pois o Pai também sabe cobrar.
É difícil para as pessoas "normais" entenderem que Deus pode se manisfestar na vida da gente, de uma maneira simples e concreta. Sei que é dificíl "para quem está de fora" entender o que significa aceitar Jesus.
Para onde quer que se olhe, estao escritas palavras como "Jesus te ama" "Jesus Cura" "Jesus liberta", mas apenas uma pequena porçao de pessoas sabe o que isto realmente significa, apesar do número de crentes crescer cada vez mais no Brasil. Nao consigo descrever o poder e a unçao que Deus coloca em cima dos seus "escolhidos", as maravilhas que Ele nos concede.
Gostaria de saber explicar o que é ser "uma escolhida", pois a Palavra (para quem nao sabe a Palavra é a Bíblia que voce conhece) diz "muitos sao os chamados, poucos os escolhidos". Provavelmente, voce que está lendo este texto já foi um "chamado", convidado para conhecer, para ir em alguma igreja evangélica.
A única coisa que posso te dizer é NAO RECUSE O CHAMADO DE DEUS. Voce pensa que conhece a Deus, mas o que voce tem feito com a tua vida é vontade e direçao de Deus. (Este computador nao tem interrogaçao e nem acentos)
Esta nao é uma decisao fácil de se tomar, porque há muitas críticas que envolvem as igrejas evangélicas, até porque moramos num país predominantemente católico. Igreja nao salva ninguém, mas Jesus pode mudar completamente sua vida.
Para mim nao foi fácil, até porque sou uma judia. Uma judia de sangue, de pai , uma judia que cresceu sabendo de Deus, achando que conhecia a Deus e Sua Vontade e que sim, eu fazia parte de um povo abençoado e escolhido. Na verdade, sempre tive muitas certezas na minha vida que caíram por terra quando decidi, finalmente, conhecer um Deus verdadeiro e poderoso.
As lutas foram muitas, porque eu tive que abrir mao de muitas coisas, pessoas, lugares. Minha libertaçao nao foi fácil, eu fiquei 3 anos frequentando a igreja, mas nao querendo me batizar, porque julgava isto uma bobagem e achando o cúmulo me pedirem o dízimo. Ficava furiosa realmente. Eu repetia "eu já conheço Deus e Jesus e Eles estao comigo". Risos. Nao é fácil, pois tenho que ter a humildade de reconhecer que estou longe de chegar a santidade que Deus espera de mim. Nao é fácil , porque sempre haverao lutas.Mas Deus conhece o meu coraçao. Isto é o que importa e me dá paz.
Nao procurei a Deus e Jesus porque estava pobre, falida, desempregada ou estava desesperada com alguma situaçao da minha vida. Aceitei Jesus após 3 anos de botar os pés pela primeira vez numa Igreja Evangélica. Só conheci a Igreja da Graça, foi aqui que conheci Jesus, nao fiquei experimentando outras Igrejas. Mas nao digo que a Igreja da Graça é a única que leva a Jesus, porque foi isso que aprendi aqui.
Ninguém me sujeitou a uma lavagem cerebral, ninguém me impos nada. Estou aqui porque quero, porque tenho muitas bençaos pra contar, porque quando Deus está no controle da vida da gente, temos bons testemunhos para contar, porque desfrutar da experiencia do batismo no Espirito Santo é algo surreal.. Posso inumerar muitas transformaçoes e bençaos derramadas sobre a minha vida e a vida da minha família, mas isto é pra outros posts.
Só posso dizer que abrir mao do meu namorado para fazer a vontade de Deus foi doloroso, foi um sacrifício, me fez sangrar por dentro. Mas Deus é fiel. Esta frase conhecida é verdadeira, mas primeiro temos que nós sermos fiéis com Deus. E Ele limpa nossas feridas mais profundas.
Para quem me conhece e sabe, nunca fui depressiva, drogada, ou coisa assim. Sempre gostei muito da vida e do que ela tem de melhor a me oferecer e continuo assim, até porque Deus nos garante isto e uma de Suas promessas é "dar-lhe-eis abundancia de dias" e isto é literal meu irmao.
Deus nao quer teu dinheiro, pois Ele é o dono de tudo, inclusive do ouro e da prata.
Deus quer teu coraçao. Só isso.
E lhe mostrará a salvaçao.

terça-feira, 6 de maio de 2008

Impressoes

Eu nao mudo de opiniao facilmente. Mas reconheço quando erro. Partir de Florianópolis nao foi uma decisao pensada. Foi uma urgencia, foi preciso, foi para melhor. No entato, o encanto daqueles ares, daquela ilha, age sobre mim ha muito tempo. Nao foi amor a primeira vista, porque já fazia muitos anos que eu conhecia a cidade. Mas veranear lá é uma coisa, morar é bem diferente. E muito melhor.
Entao, quando cheguei a Porto Alegre a nove meses, eu simplesmente queria ir embora correndo de volta, eu nao gostava de nada, nao gostava das pessoas daqui, nao gostava do cheiro daqui, nao suportava este centro pior que aquele que encontramos nos centros comerciais do Paraguai, nao gostava do estilo das meninas se vestirem, tudo parecia forçado demais. O cheiro perturbava, pertubarva abrir a janela e nao ouvir o mar, mas sim o barulho das buzinas, olhar este amontoado de prédios, nada de verde, nada familiar. Eu queria sumir daqui, apesar de tudo de bom que estava acontecendo, afinal eu estava caminhando para minhas conquistas, estava mais perto da minha família.
Entretanto, eu tive que engolir a cidade.E essa digestao foi tao longa, que mais pareceu uma gestaçao.
Posso dizer que esta foi a gestaçao mais difícil da minha vida.
Parir amor por Porto Alegre foi visceralmente mais dolorido do que parir minha filha Valentina.
Até porque fui jogada aqui, fui chamada para cá as pressas. Nao, isto nao é uma reclamaçao.
Só para que entendam, meu auto-exílio na Barra, Barra da Lagoa Florianópolis, me proporcionou muito mais do que conhecimento, auto-conhecimento, qualidade de vida, uma paixao incrível que transferiu-se para cá e depois acabou, fim de amizades e início de outras. Saudades.
Para ficar mais específico posso contar um fato que ocorreu quando estava trabalhando para um jornal local, o Jornal da Lagoa. Precisei fazer uma reportagem sobre a "pesca da Tainha", tradicional festa, onde a a ilha toda se desloca para a praia da Barra e que jé faz parte do folclore de Floripa a muitos anos. Neste trabalho, fiquei vários dias acordando cedo, quase de madrugada, para conhecer o dia-a-dia dos pescadores, como eles se preparavam para a chegada dos peixes, como sabiam a hora de sair com o barco, onde ficavam os olheiros dos cardumes, quem ficava responsável pela comida. Sim , porque na comunidade se conheciam a anos e viviam como uma família. Nao existia ali ninguém que nao fosse da Ilha, manézinho. Eu acompanhava tudo com a máquina fotográfica e o gravador na mao. Hospitalidade nunca vi igual, nem de meus irmaos gaúchos. O detalhe é que quando cheguei me falaram para me cuidar com os pescadores, pois eu adquiri nesta época o costume de caminhar da Barra a Moçambique e me disseram que eles era perigosos. Chego a rir neste momento.
No entanto, enquanto estive entre eles, e sabia que nao era apenas por causa da reportagem, fui muito querida entre todos. Era a unica mulher no local. Mais uns sessenta homens envolvidos na arte da pesca artesanal, muito rara nos dias de hoje.
Lá pelo terceiro dia, apesar de ter aprendido muito nesta uma semana em que convivi com aqueles simples pescadores, um deles me perguntou, para minha surpresa, a quanto tempo eu trabalhava no jornal da Lagoa. Explicaçoes a parte, fiquei emocionada quando eles me olharam horrorizados com a declaraçao de que eu era gaúcha. Sim, gaúcha de Passo Fundo respondo. O chefe deles, nao recordo o nome, me fala "Nao parece, tinha certeza de que voce era uma manézinha, como nós. Todos olhando, desconfiados, e ele completa, agora é".
Nao explico mais nada. Qualquer pessoa com um mínimo de sensiblidade entende o que ocorreu.
Eu amei tanto Florianópolis, tanto aquele ar, aquelas paisagens, aquelas pessoas, que me fundi com o ar que respirava. Nao apenas a Barra, mas a temporada em que morei na Lagoa da Conceiçao também.
Nunca deixei de me orgulhar das minhas raízes, mas como um manézinho poderia me identificar com as moradoras dali se eu nunca perdi este forte sotaque do interior do meu Rio Grande amado. Foi o amor por aquele lugar que ele enxergou em meus olhos.
É este amor que ainda vive e que me faz sair correndo para lá por qualquer motivo, a qualquer feriado ou folga mais prolongada. Era a falta deste amor que sofri, por isso nao conseguia amar Porto Alegre.
Mas, este amor ,depois de nove meses veio. Nasceu. Nao sei porque, nem por onde, nao existe motivo específico, nao existem argumentos. Como um amor deve ser. Um amor de verdade nao precisa se justificar. E agora posso dizer que existem duas cidades no mundo onde me sinto em casa, Porto Alegre e Florianópolis. Porque minha casa de verdade, ainda é a minha eterna procura.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

Frio, travestis e insanidades

Chove lá fora, nao tenho como ir embora, embora minha casa esteja a poucos metros daqui. Na verdade, nao tenho vontade de ir. Que estranho. Curioso como nos adaptamos a tudo nesta vida. Tudo passa. A fome, essa também.
Nada do que parece ser, realmente é. Enfim, quando conheceremos a verdade. Qual é esta verdade. Por vezes concluí que a tinha encontrado.
Bolhas de sabao. Desde o primeiro dia na vida em que escrevi, isso já tem alguns anos e foi em uma daquelas agendas de adolescente, elas estao presentes. O que significam. Para que servem. Existem algumas explicaçoes que simplesmente ficamos sem.
Ou nao.
Nao gosto de dias cinzentos. Gosto de cores vibrantes. Quero ir pra casa. Nao para essa aqui ao lado, mas para minha verdadeira casa, mas onde será que ela fica. Toda vez que penso em uma casa como referencia, lembro as ruas, os cheiros, tudo em Passo Fundo.
Mas quando estou la, já nao me sinto mais em casa e a noçao de estar perdida fica um pouco maior, porque nada me é estranho. Dá para entender isto. Que coisa.
Insanidades, lembro de ti, as pessoas estao matando lá fora. Pais matam filhos, pais estupram filhos, Ronaldo come travestis. A mídia só fala bobagem. O que importa ninguém fala.
Hoje sinto falta de ti, tudo me lembra voce e isso nao é bom.
Achei que tivesse superado a falta que voce me faz.
Olho as fotos da minha filha e vejo que nao tive outra escolha a fazer.
Como eu desejei que nossas almas estivesse unidas pra sempre.
Mas a vontade da carne nao é a única que deve ser suprida. Com dor, abro mao de tudo que sinto, de tudo que vivi, de todas as paisagens que vimos juntos, clipes, filmes, praia.
Ao mesmo tempo em que há dor, há uma imensa paz em meu coraçao.
Te amei com toda força, com todo desejo, com toda intensidade. Tenho que voltar para a realidade. Para as contas, para o que me pertence afinal.
Para o vidro do carro que foi consertado, para as contas a pagar, para as responsabilidades da dura vida de uma jornalista que queria ter ficado morando na praia, vendendo xis salada e sentindo a brisa do mar.
Mas a vida tem dessas coisas, é necessária a solidao agora.Esta que estou sentindo hoje.
O sangue escorre quente nas coxas, meu útero descamando e meu coraçao parece que saí pela boca.
Muito cinza lá fora. Muito barulho. Tenho sono, mas quando chego em casa, passa.
Vontade de comer pipoca, rapadura, chocolate , tudo.
Vontade de que passe rápido esses dias, quero logo chegar a algum lugar
Meu coraçao tem vivido em paz, mas nas horas de tormento é que preciso escrever.E o estranho é que nao estou nada insana, nada descontrolada.
Estou sóbria. E é muito ruim estar assim. Fria.
Congelada de sentimentos, congelada pelo frio que faz lá fora, congelada de ar-condicionado.
Descubro alguns novos prazeres que vao além dos carnais.
Tudo deve ter uma explicaçao. Mas nao sao explicaçoes que quero.
Muito desconexo está ficando tudo isso, mas é assim mesmo, só escrevo o que me vem a mente.
Preciso beijar na boca, deve ser essa a resposta.
Cada um com seus problemas, enfim. Suspiro, o Alan chegou aqui agora e perdi o raciocínio. Nao sei mais o que escrever. Mas posso dizer que o Alan foi uma das boas descobertas aqui em Porto, amigao, apesar de ter quase a idade da minha filha, pode-se dizer que nos entendemos bem. Exagero, mas posso agradecer pelos novos amigos que estao surgindo no caminho.
Que Deus tem escolhido pra mim. Tudo tem se encaminhado da melhor maneira.
Mas eu nao consigo ficar sozinha por muito tempo, espero que entendam. Necessidades físicas mesmo.
Já era para ter ido embora há horas e nao consigo. Angela, o que será que tu está escrevendo, estamos produzindo a mesma coisa. Que viagem, tudo está bem melhor agora.
Mesmo que nao entendam nada, está tudo bem. Tudo bem, porque dentro de mim há uma alivio. Sorrio. Sorrio e ofereço um chimarrao para o Alan. Pausa.
Pronto. Angela, por favor, pare de me chamar no MSN.
Desejo nao esperar muito das pessoas, porque neste momento ainda há feridas cicatrizando e nao posso me machucar.
Nao existe medo, se há algum sentimento que nao nutro é este.
Bah...acho que vou apagar tudo isso, porque de repente a alegria voltou. Sao as bolhas de sabao, bola de pingue-pongue. Livro bom para ler. Chuvinha que ,de repente, passou a se tornar minha amiga. E sem deixar rolar uma lágrima, volto a sorrir.
A menina que escrevia sobre orgias, hoje escreve sobre milagres. E é nessa misteriosa e gigantesca dualidade da vida que renasço. Cresço, diluo, permaneço.

quinta-feira, 1 de maio de 2008

Sabe...

SABE QUANDO TU SE DEDICA TANTO PARA ALGO QUE CHEGA UM PONTO QUE VOCE DIZ, DAAAAAAAAAAAAAAAAAAAANE-SEEEEEEEEEEEEEEE!!
Simples assim, pois nao há nada mais que se possa fazer. Tu chega num limite de doaçao, de coraçao, de estresse, de intensidade e eu sempre estou totalmente entregue, entao a única coisa que se pode fazer é relaxar e ....voces sabem....nao estou nem aí...
let it be...
let it be...
let it be...
let it be...
let it be...
Missao cumprida, ou melhor, missao dada, missao cumprida!!!

sábado, 26 de abril de 2008

Decisoes...

Cá estou eu novamente no meio de uma encruzilhada, naquele momento onde um sim ou um nao pode mudar toda a nossa existencia. Nunca pensei muito em que atitude tomar, mas como a maturidade bate a porta e acaba nos cobrando mais responsabilidade, eis que estou aqui, mais uma vez. Aquele texto do Pedro Bial, do qual todos tem conhecimento e em que ele fala que as pessoas mais interessantes que conheceu na vida nao sabiam o que fazer da vida aos 20 anos e continuam a nao saber o que fazer aos 40, será que isso é verdade meu Deus...
Ontem chorei muito, chorei porque forças externas me obrigaram, nao foram lágrimas de tristeza, foram lágrimas de raiva, de ódio, estes sentimentos nada nobres e que dificilmente expomos.Maseu nao uso subterfúgios, eu nao tenho medo de ser quem eu sou.
Talvez eu nao seja nada nobre ou nao tenha chegado ainda a um ponto de elevaçao espiritual no qual os tais sentimentos nao se manisfestem. Eu sinto raiva, sinto ódio com injustiças e minha forma de extravasar isto é chorando, escrevendo, porque sinto que uma hora ou outra meu coraçao pode explodir. E isto definitivamente eu nao quero.
Agora me vem exatamente a mente as coisas que desejo, vou dissertá-las. Mas podem considerar uma oraçao também.
Eu quero paz, em primeiro lugar. Porque sem paz nao consigo trabalhar direito.Nao consigo organizar os pensamentos, nao consigo ter discernimento espiritual...
Eu quero amor, um amor que nao me faça duvidar de nada, que creia em mim, que seja sincero, nao precisa ser muito romantico, mas tbm nao morno.
Nao quero pessoas mornas ao meu redor.
Nao quero gente que nao assuma seus erros e empurre a vida com a barriga.
Eu quero minha filha perto de mim, a pessoa mais importante da minha vida.
Eu quero trabalhar com gente competente e que nao trabalhe apenas por dinheiro, nao que eu nao necessite dele, porque faço uso bem disso, mas preciso de gente apaixonada pelo que faz.
Eu quero amigos que nao me invejem, porque eu nao nasci pobre, pois eu sempre me sustentei e faz muito tempo que meu pai nao compra uma calcinha pra mim.
Eu quero amigos que nao desejem meu lugar, pois eu já vendi cachorro-quente na praia e fiz xis salada na Lagoa da Conceiçao., mesmo podendo voltar pra casa e pedir socorro. E fui muito feliz deste jeito , se querem saber a verdade.
Eu quero muito da minha vida ainda e estou disposta a me dedicar muito pra que isto aconteça.
Eu quero que Deus me acompanhe e me dirija, seja qual for a decisao que eu tomar, pois ele me deu uma Promessa e nada pode impedir de se cumprir.
ah, já ia esquecendo...eu quero emagrecer mais uns quilinhos, além daqueles que já perdi...
É isso aí...eu sei muito bem o que quero da minha vida...e vou chegar até lá, mesmo o caminho sendo estreito e dificil...
Amén.

sexta-feira, 11 de abril de 2008

Dia feliz....

Estou muito musical, acho que isso tem a ver com a segurança e a felicidade que imunda minha alma. Segurança de saber quem se é, onde estou e onde posso chegar. Vou postar hoje uma musiquinha que adoro e que ando ouvindo muito. Ela nao é nova nao, muito pelo contrário, mas tem a ver com minha nova condiçao de espírito. É o que mais importa. Fora isso, adoro o outono, apesar do calor que anda fazendo em Porto Alegre nos últimos dias. Mas o ar-condicionado me mantém já na minha estaçao preferida...uma musiquinha do Rappa, eu adoro o Rappa, que fala de paz, meu momento, mas também pra fazer pensar, porque precisamos pensar, refletir, questionar, sempre...!!
Entao olhe, leia, veja, nao só o superficial....
Que Deus lhes abençoe...

"A minha alma tá armada E apontada para a caraDo sossego Pois paz sem voz Pois paz sem voz Não é paz é medo
Às vezes eu falo com a vida Às vezes é ela quem diz Qual a paz que eu não quero Conservar Para tentar ser feliz As grades do condomínio São para trazer proteção Mas também trazem a dúvida Se é você que está nessa prisão Me abrace e me dê um beijo Faça um filho comigo Mas não me deixe sentar Na poltrona no dia de domingo, domingo Procurando novas drogas De aluguel nesse vídeo Coagido é pela paz Que eu não quero Seguir adimitindo É pela paz que eu não quero, seguir É pela paz que eu não quero, seguirÉ pela paz que eu não quero, seguir Admitindo solo

domingo, 30 de março de 2008

Sobre o amor

Bem, minha gripe ainda nao passou, mas posso dizer que estou muito melhor, em consagraçao, firme e forte. Hoje a Palavra falou muito comigo, sobre o amor. O mais importante realmente é o amor que propagamos. O amor é que nos salva. E nao estou dizendo apenas o amor de um homem por uma mulher, mas o amor por nossos semelhantes.
O jejum está influenciando na minha escrita também. Porque o ser humano só sabe amar o que é bom aos seus olhos, o que pode benificiar, o que traz pra ele alguma satisfaçao. E temos que amar o que é imperfeito também. Temos que amar mesmo que nao haja concordancia em relaçao a pensamentos, credos, cor.
"O amor é benigno" quantas e quantas vezes já ouvimos essa frase que está na Bíblia , num texto muito conhecido de 1Coríntios, até música se fez para ela. Mas o que menos fazemos é amar.Fazemos sexo e nao fazemos amor. Até Nelson Rodrigues já dizia que o grande erra da humanidade aconteceu quando separamos o amor do sexo, pois desde entao nao passamos do desejo e o desejo se frustra com a posse.
E nao passamos do desejo, por isso hoje crucifico minha carne, tento levar uma vida mais espiritual do que carnal. Nao há arrependimentos, nao há acusaçoes, nao há julgamento. O livre-arbítrio continua sendo o mais importante de tudo e nao quero pessoas aprisionadas a uma religiçao, a um credo, fanáticas, ou como burros-de-carga. Mas é muito bom uma auto-avaliaçao as vezes. Parar e refletir sobre o que vale a pena.
As vezes é preciso correr riscos. O homem é falho,e sobretudo enganoso é o coraçao do homem. Mas precisamos amar mesmo assim, primeiro nos amar, amar a Deus e tudo que Ele fez, e desta comunhao que precisamos.
O mundo está aí, mas tudo passará.
E o que permanecerá... O amor.
Nada é para sempre, mas o amor sempre permanece.
Ele pode mudar, pois existem vários tipos de amor, mas nunca acaba.

sexta-feira, 28 de março de 2008

To péssima...sem condiçoes nenhuma de postar nada....
Fiz tudo errado, não sei mais as decisçoes que tomo, nem o que devo fazer....
Acho que estou enlouquecendo...
Pedaço de mim é amor, pedaço de mim é cinza...
O culto estava ótimo e minha consagraçao está me edificando, mas tem momentos que penso que vou demoronar e orgar tudo p o alto...
"A gente se torna eternamente responsável por aquilo que cativas"
eu sempre me sinto assim, responsável pela vida das pessoas...enfim, e n sei nem cuidar da minha própria...

terça-feira, 25 de março de 2008

Esta nao é uma cronica nova, mas é boa para ser lida ainda hoje...

Ao Breno, ao amor e a Floripa

Eis que retorno. Andei um tempo ausente e nesse tempo aconteceram tantas coisas. Coisa boas, coisas inusitadas, coisas que acontecem somente a quem tem coragem nessa vida e coloca Deus acima de tudo.
Se escrevesse o que vivi em Florianópolis, não daria apenas uma crônica, mas sim um livro inteiro. O que vivi na praia da Barra da Lagoa até aqui valeria até uns parênteses se eu estivesse escrevendo um artigo de jornal normal. Não guardo mágoas de ninguém, apenas esqueço.

Os dias ensolarados de quando cheguei lá, as várias amizades que fiz e que ficaram lá, os amigos cariocas, paulistas, Roberto, meu amigo de Campo Grande, os outros que foram embora antes de mim. Nunca me perdoaria se tivesse saído de lá como uma derrotada.

Em Floripa eu descobri o amor, eu aprendi a dividir, a ser uma pouco mais egoísta. Em Floripa eu fui para conseguir um emprego e encontrei um amor. Coisas da vida, como diria a música. Nada que eu escreva aqui traduz a história do amor que começou com uma cuia de chimarrão.Eu aprendi com o Breno que dormi abraçadinho é maravilhoso, que homem cozinha bem também, que pode ser inseguro, forte, machão, gostoso, fofo e que os estereótipos não funcionam. Eu adorava te ver cozinhar para mim e cantar.
Eu adorava lavar tuas roupas e bancar tua mulher. Fui tua mulher, tatuei teu nome no meu corpo e teu sorriso no meu coração.
Que eu sempre fui uma sentimental cafona e sempre neguei isso.

Acostumada às peças que a vida me prega, não choro hoje.Vibro hoje porque conheci uma pessoa que me fez melhor, fez eu me superar, ser mais tolerante com as diferenças, que me fez crer ainda mais no Deus que eu sirvo.

Às vezes as coisas não saem como o planejado, mas sem exceção, Ele nos concede a vontade de nossos corações.

Breno, te conheci com o coração limpo e pronto para amar. Gostaria de saber se te fiz feliz como você me fez. Gostaria que nossos planos se concretizassem, nossos sonhos se cumprissem e é só isso que oro a Deus.

Amo você, não consigo assimilar nada na minha vida sem tua presença e nem o fato de não estarmos mais juntos.

Se Deus permitir, assim será. Se não, ficará apenas as lembranças da pousada Thimóteo, das várias casas em que moramos, da Lagoa da Conceição, do sotaque dos manezinhos que odiávamos. Quero que lembre da mulher que sempre acreditou em você. Ainda acredito, mas para amar, temos que deixar voar. Isso acontece com os filhos e às vezes na vida de um homem e uma mulher que sonham juntos também.

Nunca deixei alguém que amasse e por isso a dor é um pouco maior. As vinte e quatro horas que passávamos juntos na Barra da Lagoa e na Lagoa da Conceição parecem um sonho que tive e do qual acordei nostálgica.


E agora a vida é em Porto Alegre, quem diria.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Texto de Inauguraçao

De repente preciso escrever. Não sei nem porque parei de escrever. Ou sei sim. Parei de escrever de medo, medo de parecer puta, profana, de parecer uma qualquer, já que me converti para uma Igreja Evangélica, mas tenho certeza que Jesus não me julgaria se estivesse aqui, Ele conhece meu coração, sabe que em meio tantas maldades, continuo a mesma menina do interior, inclusive no sotaque que estas pessoas detestam. Então dane-se, porque, mesmo crente e adorando meu Senhor eu ainda preciso escrever para sobreviver, para tirar de mim todos os demônios que me atormentam, tirar de mim as mágoas, tirar de mim as frustrações porque o mundo não é como eu queria . Coisas de menina mimada, minha mãe sempre me protegeu muito de tudo e agora já faz um ano que saí de casa e continuo acreditando nas pessoas e sofrendo quando vejo que as pessoas não são cor de rosas. Nunca brinquei de Barbie, mas sempre quis ter aquele carro rosa.
Eu sofri muito nesse um ano, sofri longe da minha filha, sofri longe da minha família, porque fui atrás de um sonho, de realizações, de uma Promessa de Deus para minha vida. Aconteceu tanta coisa, tantas pessoas que eu julgava como minhas amigas ficaram no meio do caminho.
Eu conheci lugares lindos, o lugar onde finalmente eu e as coisas pertencemos, onde senti a mão de Deus sobre mim, mesmo quando passei fome, mesmo quando o mal queria me fazer desistir. E não entendo porque não pude ficar lá.. Acho que envelheci umas décadas nesse um ano. Mas eu nunca pensei em desistir. E estou aqui agora chorando, angustiada, porque vejo um mundo mal. Não estou preparada, mas não é isso. Só é solidão. Eu conheci o amor, o verdadeiro amor, porque não era um amor ideal, de conto de fadas, um amor que provou minha fé nesse Deus a quem entreguei minha vida, porque tinha todos os defeitos e tentações do mundo, mas mesmo assim eu o aceitei como eu o encontrei. Eu já errei muito na vida e não tenho humildade o suficiente para julgar ninguém. Eu só quero viver em paz, não entendo porque meu lugar é aqui e agora. O que importa afinal.
Não sei escrever sobre pessoas santas, coisas sagradas, sei escrever sobre o que eu vejo e o que eu vejo não tem nada de santo e sagrado, por mais que eu esteja dentro de uma Igreja. Não é a instituição igreja que eu critico, mas o ser humano, o coração do ser humano que insiste em pecar. Nunca seremos santos. Nunca nos parecemos com Cristo, nao entendo o que eu vejo. Nada parece nítido e tenho medo que minha fé se enfraqueça.
Este texto não se parece com os outros porque não falei de sexo, mas continuo gostando muito de sexo sim e ninguém vai me convencer que se eu amar alguém ou não amar e quiser ir pra cama com esse alguém é pecado. Pecado pode ser também soberba, orgulho, vaidade. Coisas tantas que observo nas pessoas, mesmo elas sendo abstemias. Porém, sei que o erro dos outros não justifica o meu. Preciso de amor. Preciso estar feliz, porque afinal eu venci, consegui chegar aqui, comprei meu primeiro carro que não é uma BMW, mas é meu, eu deveria estar mais feliz. Ansiedade é meu problema. Mas será que estou no caminho certo, será que tudo isto está valendo ficar longe da minha filha e não sei se é normal me perguntar tanto, me questionar tanto.
Eu preciso gritar, gritar muito....liberdade.


Quase uma Santa