quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Falando pelos homens

Vejo muitas mensagens, textos de auto-ajuda, dor de cotovelo, choradeira no Facebook e uma revolta geral  da mulherada com os homens e resolvi escrever essas linhas, pelo menos, se alguém ler, que abra a cabeça. Pra começar, tá  tudo errado! As mulheres estão reclamando demais, criando expectativas a respeito de um "príncipe encantado" que não existe. Homens são tão humanos quanto nós, mulheres! E tão sujeitos as mesmas falhas que nós.
Vou fazer o papel de "advogada do diabo" para dizer que vejo muito mais mulheres equivocadas do que homens. Os homens quando querem uma mulher dão sinais claros disso, não medem esforços para conseguir o telefone da gata, saber onde mora, se tem namorada, insiste, dá um jeito de se aproximar, mesmo que minta, que iluda com palavras, que jogue sujo, o que um homem quer e sempre vai querer com uma mulher que ache bonita e gostosa é sexo. Sexo puro e animal. E não tem nada de errado nisso.
Se o sexo vai demorar ou não a rolar é outra história, se o sexo se transformar em uma história maior, isso é pra depois, mas com certeza também afirmo que se ele gostou da tua pele, do teu cheiro, do teu gosto, da trepada, enfim, ele vai ligar. Mesmo que não seja no dia seguinte, mesmo que não seja pra dizer que te ama, mas ele liga.
É isso que (nós) mulheres precisamos entender.
 Não somos mais as mulherzinhas, não somos as vítimas, as coitadinhas. Estudamos tanto ou mais que eles, trabalhamos, buscamos nossa independência financeira, queremos conquistar o respeito no trabalho, na família , na roda de amigos. Então podemos sim, encarar que uma noite de sexo foi simplesmente uma noite de sexo e gozar muito e bem e se sentir linda e maravilhosa no outro dia sem nenhum sentimento de culpa ou "ah, ele não me ligou".
Isso já era. Ou pelo menos, tentem!
Também torço para que cada vez mais os casais se acertem, mas com tanta oferta no mercado, de homens e mulheres, a tendência é que´nos entendamos cada vez menos. Mas o primeiro e principal lugar onde devemos nos preocupar em nos entendermos é na CAMA, sexo tem ser bem feito, sem pudores, sem regras, claro, tudo com consentimento de ambos. Não se reprimam mulheres, e os homens ficarão aos seus pés.
Não estou falando em vulgaridade, em comportamento, em roupa, estou falando diretamente que a mulher é que é hoje o sexo forte e ela só vai dominar seu homem, seu macho, é pelo sexo!!Temos que entender mulheres que sempre haverão homens que preferirão as Sandy's da vida, mas para esses, a vida sempre vai ser uma eterna monotonia. Saber tratar uma pau, é tudo que uma mulher precisa saber!!!Não preciso mais me estender!!
E tá dito!!!

sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Um estranho no ninho

Aqui em casa só nasce fêmeas. Tudo tem perfume mulher, cor de mulher, vibração de mulher, intensidade de mulher. Quando éramos em três (mãe, ju e eu) eu obviamente tentava escapar desse universo que sempre foi para mim o mais neurótico. Sufocante. Minha mãe sempre exageradamente dominadora, invadindo territórios e até pensamentos quando dava. Para mim isso era demais. Estar com mulher sempre foi chato demais pra mim.
Então eu tentava de todas as formas aproveitar o pouco tempo que tinha com meu pai para dividir com ele outros assuntos, como futebol (eu ia vê-lo jogar futebol de salão) que eu amo até hoje, algumas poucas, mas boas pescarias, o amor pela literatura, a torcida empolgada pelo Internacional e até assuntos dos mais estranhos que possam parecer como o Fim do Mundo, o Apocalipse, o Anticristo e por aí vai.
Pois bem, até que com 18 anos nasceu a Valentina, minha primeira filha e isso fez com que eu me aproximasse mais de minha mãe e tentasse compreendê-la melhor. E ficamos em quatro mulheres na casa.
A Valentina cresceu, é uma moça, eu fui uma mãe ausente, estudando, trabalhando, mas quando estava com ela tentava ser pai e mãe, queria ser qualquer coisa para minha filha que não fosse o que minha mãe foi. Não no sentido bom, porque ela foi uma grande mãe, mas eu queria ser uma mãe mais moderna, menos espaçosa e envasiva, não queria tolhir minha filha, ser chata, pois sabendo da personalidade herdada de mim, tudo que o que julgasse errado ou certo a Valentina optaria pelo contrário.
E é isto que eu faço agora, exatamente como minha mãe. Só que mais chata. Sinto que tento descaracterizar a personalidade da minha filha da mesma forma dolorosa que minha mãe sempre tentou comigo. E sei o quanto isso até hoje me faz mal, me perturba e não quero fazer do mesmo jeito com a Valentina. Até porque sempre achei que ficaríamos eu e ela, não esperava outro filho.
Pois bem,  só que no início do ano de 2011 me descubro grávida, e assim como da primeira vez, eu senti o sexo do bebê de cara: era um menino!!Por um lado a felicidade de ver um macho norteando e passeando pela casa, talvez fazendo companhia ao meu pai, sempre delegado de muitos assuntos na roda feminina, por outro lado, senti medo de ser mãe de um menino.  A explicação clássica da psicanálise diz que as mães costumam se encantar mais pelos filhos homens porque o menino tem algo que ela não tem, que é o pênis. Essa teoria ficou conhecida no século XX no mundo todo através de Freud, pai da psicanálise.
No quarto mês de gravidez ainda levo um susto no exame morfológico, meu bebê iria nascer com lábio leporino (uma má formação genética) com grande probabilidade de nascer também com fenda palatina (um tipo de fissura no céu da boca) e agora? É claro que sai do consultório do meu ginecologista aquela altura do campeonato atordoada, mal conseguia dirigir.
O MEU MEDO MAIOR ESTAVA EXPOSTO, LATENTE.
E veio depois, pois como todo mundo sabe, uma criança recém nascida requer cuidados e atenção redobrada nos primeiros meses de vida, num caso como esse, mais ainda. E os meus laços afetivos com a Valentina recém estavam sendo recuperados. Ela foi minha maior companheira e porto-seguro durante toda gravidez, além de ter sido a primeira a saber. Como ia ser? Para ela? Para mim? Como iam ficar nossas passeios na praça, no shopping, na pizzaria, ao cinema? E para o pequeno que estava vindo?
Nos primeiros dias após o parto, quando cheguei em casa, não conseguia demonstrar afeto para o Benjamin na frente da Valentina, com receio de que ela achasse que eu não a amava mais. E os dias foram passando, e ela não conseguia se aproximar do irmão e eu me sentia cada vez mais culpada, pois o Ben precisava de atenção redobrada até na hora de mamar.  Mas culpada de que afinal?
Das falhas anteriores que tinha tido com ela! Das falhas que continuo tendo com ela! De não conseguir ser mãe de duas crianças?! Será que eu ia amar mais um e menos outro? Que loucura. Nada disso aconteceu.
Mas eu continuo pecando com a Valentina querendo transformá-la numa continuação de mim, tentando evitar que ela erre nas mesmas coisas que eu, depositando muita expectativa, quando no fundo sei que as coisas funcionam melhor quando a gente tem fé e deixa rolar naturalmente.
Ensinar a criar raízes e voar. Só peço essa sabedoria a Deus. E que os dois sejam felizes, do jeito que eles escolherem, até porque vejo minha mãe sofrer demais pois não trilhei os caminhos que ela sonhou pra mim, esquecendo-se que os sonhos são muito particulares.
Foi muito dificil ser mãe solteira da Valentina, ainda mais quando ela começou a crescer, frequentar o colégio e perceber que ela não tinha uma família tradicional com pai, mãe e irmãos, como a maioria dos coleguinhas. Foi difícil porque o pai dela mesmo estando sempre por perto, fez direitinho o papel de pai-de-final-de-semana, sem responsabilidade nenhuma de educar e só diversão.
Foi difícil quando ela me cobrou o porquê de eu não querer casar com o pai dela e eu ter que explicar que não existia amor para isso. MAS QUE O MEU AMOR POR ELA ERA INCONDICIONAL APESAR DISSO.
E vai ser difícil tudo isso com o Benjamin também, haverá os questionamentos, os ressentimentos, a revolta, mesmo que a história seja diferente com o pai dele.
Mas eu nunca pedi tanto em minhas orações para ser uma boa mãe. É só o que desejo nesse momento. Fazer meus filhos felizes e estar presente por muito e muito tempo para ver que se realizaram como pessoas.

quinta-feira, 27 de outubro de 2011

Os Três mosqueteiros e um grande medo

Só hoje me dei conta de que estou com medo de iniciar uma nova mudança na minha vida. O engraçado é que esse medo veio agora, depois de tantas outras mudanças, malas desfeitas, moradas em hotéis, com amiga louca, com namorado sequelado, com beatas da Igreja. Pois nada disso me apavorou como agora. Vou me mudar para dentro da minha própria cidade, há mais ou menos dois quilometros da casa dos meus pais e me assusta.
Os móveis já estão todos lá. Novos. Eu que escolhi o que e como queria, o apartamento é bonito, bem localizado, arejado, como eu gosto. Mas vou lá e olho pra ele, o acho bonito e tenho vontade de sair correndo. Aliás, foi isso que fiz na última vez que estive lá.
To pagando aluguel e não tem jeito de eu ir morar lá. Sinto que minha casa ainda é aqui na casa dos meus pais e tento entender porque esta mudança é tão mais dolorida do que as outras. Havia o desejo de aventura nas outras? O descompromisso de dar certo? Eu estava indo desbravar o mundo? Percorrer o meu Caminho de Santiago por outras bandas? Havia sempre para onde voltar.
Foi esta certeza que me fez sempre ir, e ir e ir...Mas agora, ir para tão perto, vou voltar para onde? Só se for para me aninhar no colo dos meus pais. Tá estranho isso tudo. Era para ser mais fácil.
Fico achando motivos para ficar; lá não é uma casa onde eu possa sentar em frente e tomar chimarrão, lá não há a cumplicidade com os vizinhos de anos, lá não há amigos, todos estes são os empecilhos e medos da minha alma que não compreendo, porque sempre foram esses mesmos desafios e curiosidades pelo novo que me fizeram partir e partir e partir.
O movimento sempre me fascinou, estar entre estranhos também, caminhar por ruas desconhecidas muito mais, sentir novos cheiros, novos ares era tudo o que eu ansiava e corria atrás. E agora me deparo me auto impedindo de ir, quase ali na esquina, começar uma vida nova com meus filhos.
Mas compreendo também que é justamente essa nova responsabilidade de dona do meu nariz e dos meus rebentos que me apavora. Pra quem eu vou gritar por ajuda quando estiverem a Valentina e o Benjamin querendo minha presença? Quem vai se preocupar em acordar a Valentina enquanto eu dou de mamar ao Ben? Enquanto um toma banho, a outra vai querer jantar. E vai ser só nós. Nós três. Como eu sempre quis. Nos meus contos de fadas eu nunca enxerguei o príncipe comigo.
E como me dá medo tudo isso, sinto cada vez mais que o medo não é de ir, é o medo de fracassar, como nunca senti antes na vida.
Medo, porque é a preparação que todo ser humano precisa passar antes de se despedir de seus pais para sempre, e a vida passa rápido.
Ser, virar adulto é difícil. Mesmo aos 30 anos.
Eu estava tão tranquila há algumas semanas, hoje não to mais.
Mas eu vou, não sei até quando vou adiar, mas vou. Por mim, por meus filhos, por meus pais.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Limpeza da alma

Objetos empoeirados, recortes de jornal, pedaços de obras inacabadas ou acabadas e hoje descartáveis. A cabeça tá um turbilhão, é a responsabilidade, responsabilidade, a dúvida quanto ao talento que andava adormecido, a insegurança quanto ao futuro, não tomo mais nada de Rivotril, nem anfetaminas, nem os calmantes, mas sinto falta de sair do meu corpo um tanto.
Limpo os armários, jogo fora pedaços de papéis e mais um monte de coisas inúteis guardadas a muito tempo e que não servem para nada, assim como sentimentos guardados e que também não servem, não ajudam em nada, eles tem que ir embora!
Corpo que sente preguiça, a pressão baixa, o sono da gravidez, singularidades da arte de parir, tudo tão diferente da outra vez. Tenho medo de envelhecer, não pelas rugas, pelo corpo decrépito, pela falta de agilidade, mas com o que o envelhecer faz com as pessoas, envelhecer sem sabedoria e vejo pessoas com vidas brilhantes e fins tão pouco felizes.
Sabedoria, discernimento, guardar o coração talvez seja o segredo.
Ontem fiz as contas e  reparei que nos últimos 5 meses eu me mudei 6 vezes de casa, 4 de cidade, e agora to com medo também de não conseguir mais ficar. Não quero me explicar, poucas pessoas entendem e já vi olhares demais de dúvida, de indignação, de curiosidade simplesmente porque não entendem e pra quem não entende não adianta explicar.
Só entende quem sente igual e a maioria nem sente mais ou sente diferente. A Valentina sempre entendeu, sempre tão igual, tão intensa, com a mesma alma atormentada por vezes. Eu sinto o que ela sente e sei exatamente o que a fere, o que faz mal.
Quero ajudá-la a canalizar tudo isso para o seu dom, para que possa desfrutar mais do que eu, para que encontre o caminho mais cedo do que eu. Evitar dores, cicatrizes, evitar que seja mal interpretada.
Não me importo mais com os outros, acho que nunca me importei realmente, mas me importo com quem amo e a vontade sair da realidade volta novamente. Fazer a catarse.
Tentar ajudar quem tanto me ajudou, porém eu não tenho paciência, tudo parece abandonado, tudo parece deixado pra trás e eu gostaria de saber em que momento se perderam, em que momento deixaram de querer melhorar.
 Em que momento uma pessoa desiste de viver? De querer evoluir? De ficar acomodada? São coisas que não entram na minha cabeça.
Tudo igual, isso me aterroriza.
A música, a poesia, falta de rotina, a indignação, a falta de acomodação, isso tudo sou eu.
Tudo isso é minha filha e também o bebê dentro de mim.
Por vezes sinto falta de uma vida mais segura e estável e um lar como os outros lares, mas aí tento me colocar no lugar de outras pessoas com vidas normais e estáveis e não me enxergo feliz vivendo aquela vida sempre tão segura e tão banal.
Insatisfação crônica, deve ser isso que eu tenho. No filme de Woody Allen, Vicky Cristina Barcelona, a personagem da Penélope Cruz fala isso para a personagem da Scarlett Johansson "você sofre de insatisfação crônica", é isso. Me analisei.

quarta-feira, 30 de março de 2011

Parir é estado de graça

Dentro de mim bate outro coração. A metade de mim e a metade do homem que mais amei nessa vida. Há 4 anos eu dei a minha vida em seus braços e agora me preparo para segurar em meus braços a nova vida que vem, fruto desse amor.
Um amor que não deu certo, mas um amor que ainda bate em meu coração, mesmo não sendo ele possível de se viver. Um amor que me ensinou a ser uma pessoa melhor e uma mulher mais madura.
Não me pergunto mais nada, nem me questiono o porquê do fracasso de um sentimento tão grande. Tão perseguidora de respostas, hoje me contento em saber quais as perguntas certas a serem feitas. Penso em coisas simples, não simplórias, mas bem menos complexas do que as angústias que permearam por muito tempo meu coração.
Meu ventre está cheio de vida e minha vida está cheia de paz, não a paz de uma cidade bombardeada e deserta, como dizia o poeta, mas a paz que vem de um Amor Maior, o amor de mãe.
Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, escreveu em seu livro que "só as mães são felizes" e é a mais pura verdade. Nenhuma mulher é completa sem a maternidade, e hoje, 12 anos depois de ter parido minha primeira filha, eu posso dizer com todas as letras que essa é a verdade mais intensa de uma vida. Amor incondicional, realização perfeita, coração cheio de alegria.
Vejo minha filha Valentina entrando na adolescência, cheia de dúvidas, de perguntas, me vejo nela, me assusto por isso e ao mesmo tempo imagino a carinha desse bebê que mexe sem parar dentro da minha barriga, já imagino sua voz, seu andar, a primeira mamada, o primeiro sorriso.
Não há prazer maior para uma mulher do que essa sensação. Plenitude é a palavra certa.
Não há espaços para mágoas, rancores, fraquezas. Me sinto forte, linda, completa e enxergo a vida com mais leveza neste momento.
Não há fracassos no amor, não há espaço para isso, porque a vida é breve e a necessidade maior é de que devemos dar continuidade através de nossos filhos e guardar no coração os momentos bonitos que já vivemos.
Ao pai do meu filho, toda luz e amor desse mundo. Quero te ver feliz. Sempre.

quinta-feira, 16 de dezembro de 2010

Festa na decoração!

Um olhar singular sobre a arte de decorar

Decoração acima de tudo é questão de bom gosto. Não adianta nada copiar uma foto que você viu em alguma revista e tentar recriar o estilo, comprar objetos e móveis caros que não tenham nenhuma identificação com a sua personalidade, ou contratar algum decorador ou arquiteto que não imprima a sua identidade no local a ser decorado.

Decoração é vida e vida de quem está querendo decorar e muitas vezes de quem vai ser recebido, porque este pode ser um local público, o que também necessita de sensibilidade na escolha de objetos e móveis a serem expostos. Decoração é cor que vibra, ou cor que se esconde. É cor que desperta e cor que emudece.

Decoração é poesia, é música, é dia de sol, é noite de tempestade. Decoração requer habilidade manual e desejo quase artístico de exprimir, de se expressar. Como a roupa que se veste e que pode interferir no humor de quem a usa, a decoração bem ou mal feita interfere no cotidiano de quem interage com o lugar.

Decoração é Carnaval, é Natal, é festa de São João. Pode ser feira, mercado público, missa de domingo. Decoração são as viagens feitas, o olhar sob tudo que se viu e ainda se quer ver, é o paraíso ou o inferno logo ali.

Tudo é questão de estilo de vida, de escolhas, de detalhes. O quadro dependurado, a cor da tinta da parede ou o espelho logo na entrada pode dizer muito sobre a pessoa que optou por eles. E é melhor que diga, pois o medo de revelar-se também pode estar expresso, mas que esta não seja a sua opção.

Grite, ouse, celebre, sorria, chore, mas se manifeste através da decoração que você escolhe! Risque e rabisque a parede branca que teima em queimar os olhos de quem a vê! Brinque na escolha dos objetos, que eles reflitam o teu olhar sob o mundo, os anseios que a vida ainda impõe, os sonhos que ainda não se realizaram, e por que não, as angústias da tua alma? Mas que estas escolhas sejam tuas e que os méritos sejam teus!

Que a festa da decoração seja tua!

domingo, 18 de julho de 2010

Lorena, minha mãe

O meu pior pesadelo e que se sucedeu por muito tempo na minha infância, foi o da morte da minha mãe. Eu acordava com o coração saindo pela boca quando imaginava ela mais velha, e por muito tempo não entendi aquilo.Sonhei muitas vezes com ela de cabelos branquinhos e isso me assustava.
Minha mãe sempre foi minha referência de mulher, uma super poderosa, assim como a Mulher Maravilha nos desenhos infantis. E a Mulher Maravilha não envelhece.  Muitos anos depois e ela continua protegendo e trabalhando pra manter a ordem ao seu redor.
Foi sempre ela que estava nas apresentações de final de ano do colégio sozinha e que meu pai, por trabalhar muito, não podia estar. Foi sempre ela quem me levou e me buscou nas aulas de inglês, nas aulas de datilografia (nem existe mais) e por todos os cantos da cidade em que eu sempre quis me meter.
Lembro da minha mãe na final da Copa de 1994 levando eu e minha amiga no centro da cidade, pois eu ainda não dirigia com 14 anos e se enfiando numas das maiores enrascadas de sua vida, num tumulto onde não havia nem espaço físico pra sair, todos os loucos pirados se atirando em cima do carro na comemoração pelo tetra campeonato brasileiro e ela ali, firme.
Quando comecei a sair nas festinhas a noite e foi nessa mesma época, foi ela quem me levou e me buscou em muitas madrugadas quentes e frias por esse mundão de meu Deus. Eu e minhas amigas.
Como toda mãe ultra dedicada, poucas vezes a vi reclamar. Poucas vezes reinvindicou o mesmo carinho e atenção dado as filhas e ao marido e logo depois, a neta.
Foi ela quem incentivou eu e minha irmã a estudar, trabalhar, sermos mulheres independentes, como ela sempre diz "mulher não pode depender de homem, minha filha" e isso tendo a própria vida cheia de renúncias em prol da família.
E muitas, mas muitas vezes mesmo teve o maior coração do mundo para entender essa filha louca e que não mediu esforços para testar o seu amor.
Aliás, neta essa que é mais sua filha do que minha. Não preciso nem perguntar para a Valentina sobre as lembranças da infância dela, quem estava ao lado dela nos momentos difíceis, quem estava sempre em casa quando ela precisava, quando ela queria a sua mamadeira, trocar de roupa, arrumar o material da escola, porque eu também tinha que trabalhar e estudar.
Como sempre foi tão devotada no ofício de mãe e mulher, é difícil imaginar minha vida sem ela.
Essa casa sem ela.
Escrevo tudo isso um dia após uma das conversas mais difíceis da minha vida, a conversa na qual vejo minha filha chegando à adolescência, cheia de dúvidas, de sonhos, de perspectivas, assim como eu há mais ou menos 15 anos atrás.
Só peço a Deus que eu possa ser para a Valentina agora um pouquinho da mãe que a minha mãe foi e é para mim e para minha irmã. Que eu possa ter a mesma relevância na vida da minha filha, como a minha mãe tem na minha . Que eu saiba ser forte e sempre presente como tu mãe.
Porque tu ainda é o meu porto seguro e quem me dá segurança, mesmo eu sendo mãe também.