quarta-feira, 16 de junho de 2010

Nem é tão grave

Vou falar com o pastor essa semana e por isso resolvi escrever aqui para ver o que é que vou falar já que não sei ao certo porque quero falar com ele.
Vou falar o que?Sabe que falar com pastor é melhor do que falar com o terapeuta, porque ele te escuta e como há mais loucos dentro da igreja do que em qualquer outro lugar, ele nem acha mais tua loucura tanta loucura assim. E ainda ora na tua cabeça depois. E funciona.
O fato é que desde 2007 minha vida deu uma virada tão grande tantas vezes que eu nem sei mais o que sou, quem eu sou, do que gosto, o que quero, mas continuo acreditando. Acredito sem vontade de acreditar em nada, essa é a verdade. Vou lá e saio bem melhor, isto é fato. Com a alma tranquila, espírito quieto, e na verdade, tenho estado muito mais tranquila do que antes, quer dizer, não preciso mais tomar Rivotril pra dormir, como o ano passado quando voltei de Porto Alegre pela quarta vez eu acho. Era tanto Rivotril por noite que minha mãe resolveu substituir por água e no efeito placebo me alegrava ainda mais.
O fato é que a Igreja me desconverteu um pouco, trabalhar lá dentro fez isso com meu coração, mas ainda preciso estar lá dentro, porque é o único lugar onde sinto verdadeira paz. Não tenho amigos na Igreja, porque já desisti das pessoas faz tempo, relutei, relutei, mas acabei me tornando o ser mais anti-social que conheço, não tenho paciência pra ninguém, com exceção da Valentina, mas também não espero que as pessoas tenham paciência alguma com as loucuras minhas.
Aliás, quase nos 30, minha mãe me disse: "você não é louca, é sem-vergonha". Pode ser.
Tudo pode ser, até a piranha da minha ex-melhor amiga que , como não conseguiu roubar meu ex-namorado-perfeito e louco resolveu atacar no meu ex-emprego, mas tá tudo bem, porque o ser humano sempre acaba se entregando no seu "ato falho". A gente pode dizer que não quer, que está tudo bem, que não vai mais jogar tudo pro alto e ir atrás do namorado-que -quase-te-enlouqueceu, que sua família é perfeita, que mais um pouco tudo se resolve, que está tudo em ordem, que o dinheiro vai reaparecer, mas a gente sempre acaba se entregando no maldito ato falho que Freud explicava como ninguém. E como o Breno sempre dizia "ela não é tua amiga", então eu já sabia. A vida dá sinais, a gente é que não presta atenção.
Como eu sempre sei, não adianta me enganar, sei que no fundo continuo a mesma menina de 15 anos atrás, só que agora com preocupações adultas, com contas pra pagar, preocupada com a educação da minha filha, com a próxima barba que irá raspar meu rosto e o próximo louco que vai me enlouquecer e vai deixar eu fazer deixar tudo pra trás de novo? Preciso acreditar que isso não vai acontecer, porque me coloquei uma prioridade, EU, eu sou minha prioridade e ficar bem a todo custo também é. Cuidar muito da minha filha que está uma Fernandinha em miniatura, mas como eu disse, tá tudo bem.
Vou encontrar meu caminho e a Valentina também vai.
Num mundo em que todo mundo toma antidepressivo e ansiolítico para parecer normal, para aguentar o tranco, eu me orgulho de não tomar droga nenhuma, então escrever um texto que não parece tão coerente como deveria, nem é tão grave.
E eu só tenho me preocupado em parecer ao menos um pouco normal, sem meus anseios que quase rasgam meu peito.

Um comentário:

Unknown disse...

Puxa, é bom ler você de novo por aqui! Fazia um tempão né? O curioso é que escrevi um texto em parte parecido com o teu esses dias atrás, sobre esperança, esperar e esperançar, mas não postei ainda. Acho que ele [o texto] precisa amadurecer um pouco...
A propósito, você sempre foi meio louca não? Mas não acho nada de mais, já que eu sempre tive um pezinho nessa tribo...