terça-feira, 22 de julho de 2008

As histórias sempre se repetem

Eu leio alguns dos textos que escrevi no passado e as histórias se repetem. Isso me dá um medo, uma angústia, será que eu continuo sendo a mesma pessoa para as histórias se repetirem assim, tão iguais?
Putz, logo eu que não tenho medo de mudanças, que anseio por elas. Mas tu quer ver isso.
"Quero que ele saia correndo quando meu peito amargurado precisar de riso. Que ele esqueça, de vez em quando, seu lado egoísta, e lembre do meu. Que a gente brigue de ciúmes, porque ciúmes faz parte da paixão, e que faça as pazes rapidamente, porque paz faz partedo amor. Quero ser lembrada em horários malucos, todos os horários, pra sempre. Quero ser criança, mulher, homem, etc, megera, maluca e, ainda assim, olhada com total reconhecimento de território. Quero sexo na escada e alguns hematomas e depois descanso numa cama nossa e pura. Quero foto bregana sala, com duas crianças enfeitando nossa moldura. Quero o sobrenome dele, o suor dele, a alma dele, o dinheiro dele (brincadeira...). Que ele me ame como a minha mãe, que seja mais forte que o meu pai, que seja a família que escolhi pra sempre. Quero que ele passe a mão na minha cabeça quando eu for sincera em minhas desculpas e que ele me ignore quando eu tentar enrolá-lo em minhas maldades. Quero que ele me torne uma pessoa melhor, que faça sexo como ninguém, que invente novas posições, que me faça comer peixe apimentado sem medo, respeite meus enjôos de sensibilidade, minhas esquisitices depressivas e morra de rir com meu senso de humor arrogante. Que seja lindo de uma beleza que me encha de tesão e que tenha um beijo que não desgaste com a rotina. Que a sua remela seja sequinha e não gosmenta e que o tempo leve um pouco de seu cabelo (adoro carecas...). Que suas escatologias não passem de piada e se materializem bem longe de mim. Tem que gostar de crianças, de cachorrinhos, da minha mãe, e tem que odiar ver pessoasprocurando comida no lixo. Tem que dançar charmoso, ser irônico, ser calmo porém macho (ou seja, não explodir por nada mas também não calar por tudo). Tem que ser meio artista, mas também ter que saber cuidar dos meus problemas burocráticos. Tem que amar tudo o que eu escrevo e me olhar com aquela carade “essa mulher é única”.
Isso eu escrevi sobre o amor , sobre o possível amor da minha vida, que ainda não chegou e que eu não desejo mais tanto assim, mas que se desejasse, seria assim.
Dai eu leio outro texto que falo sobre meus amigos. E me deparo com isto.
"Não quero que todos sejam iguais a mim, mas é tão triste ver os amigos lá longe. Eles estão vivendo suas vidas, talvez estejam felizes, talvez eles tenham se acalmado e cansado das porradas da vida, mas só me parece que eles cansaram de tentar. Cansaram do furacão e querem uma casinha arrumadinha e uma cama quentinha. Não há mais nada em comum entre nós, os silêncios são constrangedores, eu não sei mais o que dizer, tenho vontade de dizer “mas por que você está fazendo isso, por que parou de tocar, de escrever, por que não tenta publicar o seu livro, por que não arruma outra banda, por que, por que, por quê?” Mas isso seria doloroso para eles e para mim, eu não quero criticar a escolha de ninguém, não quero desestabilizar a vida de ninguém, mas ao mesmo tempo tenho uma incontrolável vontade de chacoalhar todo mundo e dizer EI, EI, O QUE ACONTECEU??? Porque eles não me parecem felizes. Eles me parecem mortos. Carregam um peso nas costas, o peso dos sonhos abandonados no meio, o peso da frustração. O peso da vida que deixaram para trás porque quiseram, porque escolheram não viver mais intensamente. "
E eu olho para trás e olho para frente e não vejo nada além disso que foi escrito´há anos atrás, me desculpem se estou equivocada. Desculpa nada. mas é isso

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