segunda-feira, 19 de maio de 2008

Mulheres e suas dores

Sexta-feira a noite e estou em casa.
O Globo repórter sobre a cidade de Israel está interessante, mas outra coisa me paralisa. Gisele Itié, interpretando Amy Winehouse, na Trip deste mes.
Nao consigo parar de olhar. Compro a Trip todos os meses e em geral os ensaios sensuais da revista nao sao a parte que me chama mais atençao.
Mas este chama atençao especial. Algo grita. Algo chama. Leio o texto que acompanha o ensaio e de repente acho a melhor definiçao de tudo. " E que esta é a grande loucura feminina, essa absoluta necessidade do olhar do outro, objeto de nossas inseguranças, nem sempre escolhido com bom gosto."
Paro aqui e faço uma reflexao. Só podia ser a Fernanda Young, mesmo eu nao sendo exatamente fa dela, mas tinha que ser ela para colocar no papel esta dor que sim, como diz o texto, todas nós mulheres carregamos. Esta dor que de um jeito ou de outro, da maneira mais singela, ou de forma gritante se manifesta. Paro a reflexao.
Resolvo que vou mandar este texto para Trip, lá nos comentários. Em agradecimento pelas fotos, pela sensibilidade, pela inspiraçao.
E vou colocar estes rabiscos no blog para que mais pessoas vejam o ensaio.
Esperam que vejam com os olhos que eu vi e nao só a beleza óbvia de Gisele.
Fragmentos do texto publicado na revista

"Mulheres que nao admitem sua dor- aquelas que sao perfeitamente esquecíveis- nao merecem nenhuma poesia, ou rascunho, ou rápida melodia, pois se recusam a abrir mao do conforto de uma farsa em nome de uma verdadeira vocaçao, a de sofrer belamente....
Nao há nada em Amy Winehouse que nao seja genuíno, e isso consegue ser gritante em sua música suave enquanto doce em sua aparencia rude.
Atraente e repugnante ao mesmo tempo. Linda e digna de pena. Ora, pode haver imagem mais explícita da crucial inconstancia feminina...
....Acho inclusive, que as próprias mulheres tem culpa nesse atraso. Notoriamente mais competitivas entre elas, nao competem apenas com a colega do lado, mas com todas as mulheres do mundo.
De Marilyn Monroe a Anna Nicole Smith, todas morreram sem uma amiga do lado...."

O texto de Fernanda Youg nao termina por aí, mas esta triste e também óbvia frase com que encerrei os fragmentos do texto acima é a mais dura realidade.
E tenho uma confissao a fazer. Só comecei a ter amigas mulheres depois que a Valentina nasceu, e mesmo assim, com o pé atrás. Os dois. Risos.
Isto nao quer dizer que eu nao tenha poucas e boas amigas, mas na dúvida, fico com as mulheres da minha família, já tao intensas e fortes e com suas vidas marcadas pela dor, pela coragem, pela capacidade de se expor e nao perderem o mistério.

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